16/10/12

CONSTATAÇÃO E ELOGIO

UM TITULO DITADO PELA PROPAGANDA DIVERTIU/NOS RECENTEMENTE



Trata-se do elogio feito à CNE pela CEAST. Citamos: “CEAST / Organização das eleições foi elogiada pelos bispos”. Fim de citação. Foi uma das matérias com honra de primeira página na edição de terça-feira, 25 de Setembro último, do ‘Jornal de Angola’, diário público e único do país.

O corpo relatava a conferência de imprensa, dada na véspera, pelo coordenador executivo do pequeno grupo de observadores, P. Belmiro Chissengueti. A rigor (e longe de negarmos a margem de criatividade literária do jornalista e a elasticidade da sua leitura), o texto do padre não conteve elogio. Conteve, sim, constatações positivas e negativas bem como recomendações e conclusões.

A conversão de uma constatação positiva em “elogio” entende-se pelo afã da ufania - marca de uma opção editorial, tão conhecida quanto desgastada. O vício, na reportagem  pontual, chegou ao nível do saloio porquanto silenciou a observação negativa sobre o desempenho do próprio jornal. Recordámo-la: “ O Jornal de Angola hostilizou em demasia os Partidos de oposição, confundindo o serviço de informar e o serviço de propaganda”, disseram, entre outros, os observadores mandatados pela CEAST.

O que custava e custa a reprodução fiel da observação globalmente equilibrada dos homens da Igreja, convidados, no caso de espécie, pela CNE? Nem a autoria de tal convite, aliás, alienou a isençao de tais observadores na realização da sua missão. Não se coibiram de assinalar as boas e más coisas que constataram.

Tem sido o direito de assumir esta postura, de resto legal, o similar reivindicado pelo sindicato dos jornalistas. O sindicato vincou-o na altura certa do processo, tendo causado expectativa sobre o prometido relatório final, que se espera eivado da mesma equidistância. O profissionalismo acima de tudo e não a propaganda! Sintomaticamente, aliás, este voto atravessa os relatórios de todos os observadores do pleito recente, com a agravante de uma repetição da mesma falha. Em larga medida, desta vez, a mancha contribui para a elevada taxa de abstenção e dose de discrédito do recente processo, empalidecendo os seus nítidos vencedores.

Assim sendo, deixar florir o profissionalismo na mídia afigura-se uma premente exigência da nornalidade institucional.

Ainda bem que chegou um novo Ministro da Comunicação Social, na pessoa de José Luís de Matos. Veterano ininterrupto do pelouro, ele transpira a qualidade de pacata figura equilibrada e ordeira. Tais virtudes podem ajudar a incentivar a reforma, adiada por antecessores, também de ricos percursos que suscitaram esperanças, afinal desiludidas. A profissão precisa de ser resgatada, a partir do seu estatuto, encalhado no famoso pacote de ajuste à nova Constituição. Precisa com urgência do respectivo sustento orgánico, que constitui a Comissão da Carteira e Ética, a ferramenta para peneirar o jóio e o trigo, na dignificação do ofício.

Finalizando, realçamos a observação da CEAST que constatou a vitória do MPLA, não vacilando em deixar o seguinte recado ao seu executivo: «Que ajude na democratização dos órgãos de comunicação social públicos a fim de que estejam continuamente ao serviço da nação, defendendo o pluralismo político, a paz, a reconciliação e a unidade nacional.»

(Uma coprodução de Siona Casimiro e P. Maurício Camuto. Apresentação de Tomás de Melo no programa ‘Visão Jornalística’ da Rádio Ecclesia, na quinta-feira 04 de Outubro de 2012)

 Fonte>APOSTOLADO
Programa> VISAO JORNALISTICA

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